Ah! Como me agrada sentir cair nos poros
Sem mais Delongas
Jades falantes
Não sei por que ainda me pego no flagra lhe observando. Muito menos por que não se rompe esse elo invisível. Seria mais simples. Mas depusemos de seus postos as analogias... Tudo é puramente individual. Pessoal. Sei que, mesmo que cante liberdade, continua preso, continuo também.
É uma Dança
Meus pés movem-se em passos contínuos.
Papel Clichê
Será que esta "vida" que comprais, vale esta Morte que viveis? Acordai desse sono profundo, ignorância, que persegue os homens! Tendes muitos trens a pegar sem rumo.
Pontes Indestrutíveis?
Lembro de ser jovem, e mesmo ao longo de meus poucos anos, ter construído umas poucas pontes. Cada qual com seu material. Cada qual com seu tamanho e importância.
Era nostálgica
Quem puder bradar aos quatro ventos seu amor, que seja afortunado, pois não há alegria maior do que não ter pretexto para sentir.
Um certo ombro amigo - Parte III - David
Passaram-se vários minutos desde que eu começara a usar o ombro de Ralph como apoio para o meu pranto. Não devia estar me sentindo tão confortável, já que seus músculos não eram tão macios, mas firmes e rígidos. Porém, talvez o alívio que eu sentia com seu abraço fosse mais psicológico do que físico. Talvez um conjunto dos dois.
Oblívio
Ó, coração... por que vens ao som da marcha fúnebre?
Anjo
Estava quase na hora. O despertador quebrado jazia na cabeceira da cama. Quer saber como eu sabia o horário? Bem, eu sempre contei os segundos. Em meu quarto só ficaram os móveis velhos, e aquela janela sem vidro, pela qual sempre gostei de olhar as estrelas.
Olhos
Tenho aqueles olhos... de quem já sofreu sessenta anos em meros dezessete. Faço parte daquela parcela de pessoas que já conheceram do mundo somente - ou quase - a pior face.
Fascínio.
Nós Somos a Chave
Hoje em dia, sentar-se na frente da televisão com tamanho interesse em saber como está sendo dirigido o seu país, é raro entre os brasileiros. O brasileiro perdeu o costume de interessar-se pela sua pátria. Aqueles que sobraram e que ainda lutam não o fazem por amor, e sim por uma troca. "Dá-me os cobres e as pratas que te dou o teu sossego."
Desvirtude
Adam & Érica II
Sentia seu olhar pousado em mim enquanto andávamos. Não tinha certeza se ele havia engolido a minha desculpa, então eu estava me certificando de carregar no rosto a expressão mais inocente que podia. Tinha certeza de que, se ele desconfiasse das minhas intenções, o que havia em meu rosto não o impediria de chegar á conclusão correta, mas o atrasaria de fazer isso. Sem dúvida.
Quando chegamos em nosso destino, olhei rápida e discretamente em volta, procurando sinais da presença de umas certas garotas curiosas. Não havia nada. Não demorei em pedir-lhe o celular, e ele posou pra mim de boa vontade. Tinha de reconhecer que essas fotos ficariam muito boas depois de editadas. O tempo passou sem que eu agisse, pois eu pensei que estaria tranquila. Que prosseguiria sem problemas, e que não hesitaria.
É, se fosse fácil assim.
Pensei em todos os fatores decisivos antes de agir. Adam era um ótimo amigo, era adorável, doce. Belíssimo. Perfeito. O que eu estava esperando? E eu precisava tentar esquecer Andrew...
Tinha de ser logo. Rezei para que minhas pernas parassem de tremer como estavam fazendo naquele momento. Só depois que Adam falou comigo foi que eu percebi que tinha ficado absolutamente parada. Sem ação.
Droga! Estava protelando!
- Érica, está tudo bem?
Eu não conseguia responder!
- Érica? Érica? Desistiu das fotos?
Sim, desisti – pensei. Eu já havia decidido que seria com Adam. Que seria hoje. Mas não quando. Teria de ser agora. Deixei que meu corpo se enchesse da coragem que eu precisava. Respirei fundo duas vezes, de olhos fechados. Somente depois disso, é que olhei seu rosto confuso.
Sim, eu sabia exatamente o que fazer.
- Esqueça as fotos, Adam.
Avancei. Só precisei de dois passos para alcançá-lo. Assim que estava perto o suficiente, não pensei. Apenas deixei que meus lábios tocassem os seus, docemente.
Ele demorou três segundos para entender o que estava acontecendo por causa da surpresa, mas logo que caiu em si, retribuiu o meu beijo com ternura. Adam beijava extremamente bem, um tipo de beijo que se pode chamar de raro. Ou único. Foi estranho admitir, mas nossos lábios moviam e moldava-se em uma sincronia perfeita e deliciosa. Seu hálito era tão bom quanto seu cheiro refrescante. Apoiei minha mão em sua nuca enquanto ele apoiava as suas em minha cintura e puxava-me para si.
Eu não queria parar de beijá-lo. Agora eu via o quanto estava perdendo enquanto ficava hesitando em relação a isso. Ele era tão... aconchegante. Era quase impossível largá-lo. E eu não esperava que fosse assim. Podia afirmar tranquilamente que aquele era o melhor beijo que eu já havia provado na vida. Envolvente. Rápido e lento. Doce e picante. Um equilíbrio encantador e absoluto. Assim como o próprio dono.
Não pude deixar de dar uma olhadela em seu rosto enquanto o beijava. Estava tão sereno. Muito bonito, até de olhos fechados. Seu cabelo negro em contraste com a pele branca era realmente espetacular.
Depois de mais alguns minutos, separamo-nos. Adam sorriu com vigor, ainda sem abrir os olhos. Assim que o fez, falou, a voz levemente alterada:
- Mudou de ideia?
Sorri abertamente.
- Parece que sim.