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História: A perda de um amigo

Floquinho era um cãozinho que eu tinha fazia um tempo. Ele era brincalhão, divertido e ás vezes até meio abusado. Eu morava sozinha, então ele tinha praticamente toda a minha atenção. Eu amava meu totó mais do que tudo. Ele era meu melhor amigo. Brincávamos juntos e fazíamos estripulias por toda a casa. Ele adorava brincar de correr atrás dos brinquedos que eu comprava pra ele. Um dia, ele se perdeu e por sorte encontrei ele, mas o pior não foi isso.
Eram sete da manhã quando acordei depois de uma noite sem sonhos. Eu sabia que, mesmo a essa hora, já havia uma criaturinha peluda esperando do lado da cama. Levantei-me num salto, antes que ele pulasse na cama e me desse uma boa lambida no rosto. Quando olhei pra ele, parecia que ele já estava me esperando fazia horas. Peguei minhas roupas e fui para o chuveiro.
No banho eu me esquecia de todos os caprichos de meu amiguinho. Ele era muito amável, claro, mas ás vezes era meio convencido. Ri comigo mesma enquanto me lembrava de suas maluquices. Deixei a água quente correr por meu corpo paa afrouxar os músculos que estavam contraídos de tanto esforço do dia anterior que eu passara tentando levar meu cachorro ao veterinário. Quando saí ele ja segurava a bolinha verde na boca, ansioso para que eu a jogasse pra ele buscar. Vesti-me rápido e fui para o quintal com ele, a dor ia cedendo aos poucos, conforme eu esquecia dela. Joguei a bolinha para ele, e por acidente ela bateu na caixa de correio e acabou caindo para fora do portão de madeira que eu colocara a poucos dias. Foi quando tudo aconteceu.
Floquinho foi correndo, frenético para fora do quintal para pegar a bola. Por sorte, fui ver e esta não chegara a ultrapassar o canteiro da frente. Meu cachorro jáa pegara e voltava pra casa, quando um barulho estranho ecoou ao longe. Não estava perto, mas era alto o suficiente para machucar os meus ouvidos... e os dele. Fogos de artifício, pensei. Floquinho temia-os mais do que tudo. Num movivento de reflexo, olhei para ele, mas já era tarde. Ele sumira. Assustado pelo foguetório, meu amigo saíra correndo desgovernado para outro lugar.
Durante semanas, procurei por ele. Cartazes haviam sido pendurados por toda a cidadezinha, na esperança de que ele fosse encontrado, e eu pudesse vê-lo novamente. Muitas vezes, quando eu voltava para casa, minha mente produzia uma cópia de sua imagem no meu quintal. Uma alucinação, eu sabia. Sonhei tantas vezes que ele voltara, que cheguei a pensar que se ele realmente voltasse, eu poderia pensar que era mais um sonho. Continuei a busca por muito tempo. Tempo demais, perdi as esperanças. Não conseguia mais imaginar como ele estaria agora. Com fome, com frio, vagando abandonado por ruas que ele nunca conhecera. Foi então nesse dia que tomei uma decisão trágica.
Ás cinco e meia da tarde, me vesti rapidamente e saí, sem bagagem. Sem nada a não ser a lembraça de nossos momentos felizes. Andei pela rua até chegar á parte principal, e uma das mais lindas. A grande ponte separava a cidade dos sonhos da da amargura. Abaixo dela, o mar azul se abria para o infinito. Sem mais devaneios, ergui-me com coragem na beira, preparando-me para o fim, quando um outro som me impediu de pular. Seu ganido, era para mim o mais lindo e o mais triste ao mesmo tempo. Era ele. Era ele...vivo.
Doeu-me o coração vê-lo no estado em que se encontrava. Floquinho estava magricela, machucado e melancólico. Meu lado protetor fez-me pegá-lo no colo. Com um esforço ele afagou meu rosto, ajeitou-se no meu colo, permitindo que eu o abraçasse mas forte, uma última vez. Ele não parecia com dor, ou triste. Ele estava feliz. Feliz por salvar a minha vida. Meu amigo morreu em meus braços.
Meu amigo naquele dia me ensinou uma grande lição. No seu leito de morte ele me mostrou que o amor, não precisa de palavras. Só é preciso amar. Até hoje eu penso nele. Nos meus momentos de fraqueza, ele é minha fortaleza. Meu cachorro, me ensinou que vale á pena viver por quem se ama.

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1 comentários:

Renan Sparrow disse...

Quando estamos sós num mundo de isolações.
Descobrimso que nã ose precisa falar para amar, a vezes, só latir.
Animais de estimação são a salvação dos donos, nunca se preocupam com contas, namoradas ou notas escolares!

Renan Sparrow

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