Lembro de ser jovem, e mesmo ao longo de meus poucos anos, ter construído umas poucas pontes. Cada qual com seu material. Cada qual com seu tamanho e importância.
Mas lembro-me, principalmente, de duas pontes. Uma chamei de Amor, e a outra de Paixão. Foram pontes distintas, mas semelhantes em diferentes aspectos. Cada uma me levou por um caminho diferente, mas, seguindo o princípio da conservação, acabei sem nenhum resultado diferente. Todas as trajetórias me levaram a um mesmo lugar.
Amor, lembro que levei mais tempo em sua construção. Sei que a fiz devagar, concretando seus espaços dia após dia, vendo-a progredir, indiferente ao sol e á chuva. Paixão chamei, mas depois de um tempo não me respondeu mais.
De minhas memórias resgato esta que vos digo: visitava-as, Amor e Paixão, todos os dias. Amor era forte e corpulenta, muito mais concreta. Paixão era mais abstrata, mas seu fluxo era muito mais intenso.
Tempo, fator absoluto. Depois de todo o potencial, as pontes passaram por suas tempestades. Seus dias de sol e chuva, antíteses que vieram a enfraquecê-las. Assisti seu declínio ainda em vida, embora pense que assemelhe-se mais á morte.
Amor e Paixão ruíram, mas de seus escombros criei nova ponte, que chamei de Ilusão. Ilusão, resultado dessa mistura de sentimentos.
Porém, ilusão fora iluminada por nova ideia. Uma reforma. Hoje está nova, tanto que lhe foi atribuído um novo nome:
Esperança.
Essa, eu apelidei Indestrutível.