Felizes aqueles que choram sem ninguém saber.
00:28, Adam está sentado na cadeira de frente para a sacada. As janelas que tomam o lugar das paredes estão abertas, e o vento faz as cortinas voarem. Seus cabelos voam então, enquanto ele desfaz o nó da gravata que sente incomodar. Sua xícara de café está vazia pela metade mais uma vez. Ele o bebe então, já quase frio.
É muito fácil olhar sua expressão e encontrar risadas, sorrisos de canto e serenidade, mas não nesse dia, onde inexplicavelmente, está coberto de uma melancolia que ninguém entenderia. O verdadeiro Adam por trás da máscara de ferro. Seu relógio de pulso apita mais meia hora que passara e ele não consegue sentir sono. É assim que passara todas as suas noites depois de Márcia ter partido. Só agora ele podia perceber o quanto da sua felicidade perdera. De que valem agora as notas de dinheiro abundantes no seu bolso se o seu coração está vazio como um tronco oco? Ele pensava.
Ele achava que nunca mais a veria, por tê-la magoado demais nas noites em que voltava bêbado e com dinheiro de trapaça. Sujo. Qual era o valor disso agora?
Sua sacada padecia aberta e arejada, como um convite á sua frente e que ele aceitou. Seus pés descalços tocaram o piso e ele sentiu alívio pela primeira vez desde muito tempo. Ainda tinha a xícara de café, agora vazia, nas mãos. Quando as lágrimas jorraram, o café voou e o vidro se espalhou pelo piso. Adam tinha agora os joelhos dobrados e o rosto nas mãos. Para um adulto que já passo dos 30 era difícil segurar a dor de estar sozinho. Ainda mais sentindo-se tão culpado.
Culpado.
O dia amanhecia aos poucos enquanto as horas se passavam esperando o pranto cessar.Ele já podia ver as pessoas se juntando lá em baixo do seu prédio, esperando e ansiando por saber o que se passava com ele, e quanto renderia uma matéria como "Adam Dinnan, Cadê o sorriso Brilhante?". Esse era o inconveniente de ser um dos favoritinhos da mídia. Isso o deixara irritado, a fama já lhe era uma companheira irritante. Sua alegria se esvaíra com a perda do seu grande amor. Ele fugiu para o interior da casa buscando refúgio enquanto ouvia todos os telefones e os seus palmtop's apitarem ao mesmo tempo, todos com pessoas querendo saber a mesma coisa.
Ele escondeu-se dentro do quarto e chorou mais uma vez. Por não ter dado valor ao que mais lhe era importante.
Felizes aqueles que choram sem ninguém saber.
Sem ninguém saber
09:09 |
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11 comentários:
que texto shooow
amei seuu blogg
http://mindteenn.blogspot.com
É SEMPRE BOM ESPANTAR FANTASMAS, MAS SEUS TEXTOS APARENTEMENTE FAZEM O PAPEL CONTRÁRIO, VOCÊ APARENTA SE RETRO-ALIMENTAR DA COISA TODA.
Belo conto. Mas felizes mesmos são os que não tem medo de chorar, tem na vida e nos sentimentos um imenso livro aberto.
bj
PObre Esponja
amei, lindo o post, posso dizer que me identifiquei muito com Adam, o facto de estar sentando a frente da sacada, o café, o vento no rosto, e o não conseguir ter sono. sei muito bem o que é isso.
mas posso dizer que sou 'feliz' porque muitas vezes choro sem ninguem saber "/
beijos
Adorei seu post, seu texto ficou muiiito bom mesmo.
Linda postagem, adorei o conto, e seu blog tem ótimos textos! Se poder, passa no meu e conta:
http://ultimamentira.blogspot.com/
Valeu!'
Adorei intrigante meu tipo de texto favorito,o visual do blog está ótimo,seus textos são formidáveis!!!
legal o blog!
Oi ;p
te indiquei para o selo no meu blog, dá uma passada lá que eu fiz um post explicando melhor. Até mais
Adorei o conto! Você escreve super bem. A gente não tem que ter medo de chorar e nem de demonstrar que estamos chorando. Fraco são os que calam esse sentimento por vergonha.
Adorei seu blog. Virei sua seguidora
Vanda Ferreira: http://vanda-ferreira.blogspot.com/
Seus contos sempre possuem uma certa melancolia envolvida... Nada demais... algo bem sutil... Gosto muito!
;D
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