Ah! Como me agrada sentir cair nos poros
A sutil e gélida maciez do orvalho noturno!
Faz-me ele lembrar, tantas vezes, essa suavidade que sinto em ti, todos os dias.
Que amo.
O quê!? Diz-me que não me atrevo a falar-te em cara do grande amor, calado, irresistível martírio,
Suave delírio,
Que é amar-te?
Pois saibas: Não mentes.
Com que esplêndido e sincero desejo hei de amar-te, se ao topar-me com tua fronte, sinto cair de mim, cobarde, a coragem? Que amor hei de te dar, se só o pálido sorriso já estremece-me as estruturas do corpo?
Se bem que nada há nisso de tão exacerbado. Não esqueçamos da lua que, mesmo disfarçadamente ama, cálida, o sol.
Ao passar de cada nuvem, cada qual, sucessivamente, reclamo, proclamo, sobre sua égide nua e macia:
Que entendes meu desespero para ouvir-te
O canto suave
Ao som de uma clave,
E com ânsia beijar
Dos lábios, as traves.
E há esse encábulo meu, que tece
A teia que minhas palavras prende.
Impede-me de te dizer ...sonetos.
Mas essa plácida mão, que desenha tais palavras,
Dá à ti o fulgor, a pele crua.
Avante! Pegue dela!
Essa tênue vida, que é tua.